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Realidade virtual para tratar Transtorno de Estresse Pós-Traumático

Terri E. Motraghi (uma psiquiatra, da Universidade de Oxford na Inglaterra, reconhecida pelo seu trabalho em veteranos de guerra) e equipe fizeram uma pesquisa de artigos relacionados à Terapia de Exposição com Realidade Virtual (TERV ou VRET em inglês) para o tratamento de Transtorno de estresse pós-traumático (TEPT ou PTSD em inglês), um transtorno comum em veteranos de guerra ou vítimas de desastres, pessoas que sofreram grandes traumas. Como o uso de VRET é bastante usado para o tratamento de transtornos de ansiedade, os pesquisadores da equipe de Motraghi tiveram como objetivo investigar se as pesquisas relacionadas ao uso de VRET para TEPT seguiram critérios rigorosos para obter seus dados. Em poucas palavras, Motraghi e sua equipe analisaram as pesquisas para ver se foram bem feitas e assim seriam válidas.
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Os pesquisadores encontraram 9 artigos que foram feitos de forma rigorosa o suficiente para serem válidas. Com base nos aspectos que poderiam ser aprovados de cada artigo, Motraghi e equipe abriram uma discussão das possibilidades de uso de VRET para TEPT.
Apesar de todas as faltas em rigor de pesquisa, incluindo tamanho de amostra (quantia de pessoas que participaram da pesquisa) e acompanhamento de integridade dos participantes (verificando se os participantes realmente aderiram ao procedimento da pesquisa), Motraghi e equipe encontraram indicadores positivos para o uso de tratamento de exposição com realidade virtual para o tratamento do transtorno de estresse pós-traumático. Entre esses pontos positivos do uso de realidade virtual para o tratamento de TEPT, podemos citar as que seguem:
  • Pode ter resultados iguais ao tratamento normal e/ou possivelmente melhores resultados.
  • Reprodução do evento traumático com mais intensidade que tratamento (tratamento feito reproduzindo uma cena traumática de forma concreta). Algo que pode ser benéfico para pessoas que tem dificuldade em relembrar o evento ou tem tendências evitativas. Também pode produzir um cenário mais fiel ao ocorrido no caso de veteranos de guerra.
  • Pessoas que gostam bastante de tecnologia [eletrônica] e a usam constantemente em seu cotidiano podem preferir este tipo de tratamento ao invés do convencional.
  • Soldados, que por estigma contra psicoterapia não procuram ajuda, poderiam aderir melhor ao tratamento por meio da realidade virtual (algo que não foi comprovado no estudo analisado por Motraghi e equipe mas continua sendo uma hipótese válida).
  • Pode-se reproduzir cenas traumáticas em um ambiente seguro, algo que pode ser usado como uma preparação para tratamento in vivo.


Os pontos positivos marcados por Motraghi e equipe precisam ser pesquisados de forma rigorosa para serem comprovados. E não se enganem ao que tange a utilidade do terapeuta nesta forma de tratamento; as orientações para o tratamento continuam semelhantes à terapia normal, com exceção da falta de consenso na forma que este tipo de tratamento deve ser padronizado. Algumas das preocupações de Motraghi e equipe são a possível diminuição da humanização da terapia e, caso o paciente percebe o tratamento como um jogo, ele pode estar fazendo evitação cognitiva (evita a situação usando seus processos ‘mentais’ disponíveis, que no caso seria distorcer o que ocorre para não ter o impacto emocional temido pelo paciente, para evitar a ansiedade).
A preparação, a conscientização, e a participação ativa do terapeuta, na minha opinião, são os fatores que poderiam provar vitais para a utilização desta forma de terapia. Talvez antes mesmo de indicar esta forma de terapia haveria necessidade de preparar o paciente para que não ocorra evitação cognitiva e desumanização do tratamento, o ensinando passo a passo o processo por qual ele irá passar, desde os processos cognitivos (‘mentais’) e emocionais quanto os deveres do paciente durante o procedimento e coisas às quais deve ficar atento.


Referência:
Motraghi, T. E.; Seim, R. W.; Meyer, E. C.; & Morissette, S. B. (2014). Virtual Reality Exposure Therapy for the Treatment of Posttraumatic Stress Disorder: A Methodological Review Using CONSORT Guidelines. Journal of Clinical Psychology, 70(3), 197–208. http://doi.org/10.1002/jclp.22051

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